Um índio na Igreja evangélica.

DIÁRIO DO CACIQUE PARAUÍ.


Hoje fizemos uma visita a cidade grande, a muito tempo pensávamos em visitar mas nunca tivemos coragem.
Eu e meu filho flecha vermelha passamos um mês estudando a cultura do homem branco e depois de muito
estudar não aprendemos nada, homem branco, muito complicado.
Mas nós decidimos ser espertos, como homem branco, para não dar problema de homem branco estranhar índio, decidimos
visitar a sua tribo, entre o mês de fevereiro e março, pois para o homem branco é carnaval, e eles todos se fantasiam de roupas estranhas e saem a rua, mas muitos, ou a maioria saem sem roupa como as mulheres de
nossa tribo.
Depois de entrarmos na cidade com apenas uma sunga e nossa pintura de guerra decidimos dar umas voltas
para reconhecer o território, mas a mãe terra nos deu um golpe, mandou chuva naquela hora, bem que os ventos avisaram.
E derrepente algo aconteceu, paramos em frente a um local para nos proteger, onde estava um homem com uma veste toda escura na porta,e seu pescoço estava amarrado com uma corda que no fim tinha uma ponta,
nos seus pés algo que eles chamam de sapatos, pude reconhecer em seus pés Rauni, nosso antigo jacaré de estimação que homem branco mato a 2 anos atrás.
Ele estava com um livro de capa preta na mão, e levantando as mãos para nós com cara de assustado disse coisas que não entendemos nada, ele disse!
Ta amarrado satanás.
Procuramos esse tal sujeito que esta preso mas não vimos,  então levantamos as mãos para ele como sinal de respeito.
E ele vindo a nosso encontro nos puxou, eu e meu filho para dentro daquela toca, não resistimos pois a chuva esta forte
Fomos colocados em um local de assento de madeira tirada de nossa floresta também e ali ficamos sentados.
Vimos que se tratava de um ritual, uma espécie de culto a algum deus da crença deles. pois todos estavam sentados.
E um pajé estava sentando no meio, la em cima com os outros caciques e mulheres de sua tribo.
Quando o cacique mandava todos levantavam, quando o cacique falava algo todos gritavam, ele era um homem de muito poder.
O cacique levantou abriu um livro de capa preta que alguns que estavam sentados tinham, talvez só os escolhidos da tribo podiam portar esses escritos, ele lia alguns textos e falava algumas palavras ritualísticas, o publico gritava frases como, gloria a Deus, aleluia, alguns chorava e outros riam isso se repetia todo o ritual.
Algo nos chamou a atenção, quando em um momento, um cantor ritualístico disse que cantaria uma musica para uma divindade ele disse!
Vem ai um hino do retété, talvés retété seja um deus do panteão deles.
Naquele momento tivemos a certeza que retété é o deus mais poderoso da tribo.
Os tambores tocaram, o cantor começou a entoação em uma forma lenta, a música era bem calma, o publico participava em todos os momentos, derrepente o cântico ficou mais rápido, as pessoas começaram a pular, uns rodavam, outros imitavam urubus voando, outros assopravam, outros batiam palmas, eles falavam línguas que nós nunca tínhamos ouvido, e o engraçado é que as vezes eles falavam em nossa própria língua tribal.
Ficamos pasmos, avisei a meu filho que não largasse o arco, ficasse atendo a qualquer momento poderiam tentar nos sacrificar em oferenda a seu deus pois todos estavam tomados.
Uns desmaiavam, outros pulavam, e o cântico falava de um homem branco de branco no meio da congregação, mas nós procurávamos e não víamos esse tal homem.
Ao acabar o êxtase, todos voltaram ao normal, e se sentaram, o pajé continuou os rituais, vimos uma mulher que estava de muletas se aproximar dele, não estávamos entendendo muito bem o que ocorria, pois muitos deles
ficaram conversando entre os rituais, vimos a mulher se aproximar dele e ele não só era pajé mas também o curandeiro da tribo, ele colocou a mão na perna da mulher ficou com os olhos fechados e como um xamã invocou o poder de vários deuses para curar a mulher, Jeová Rafa, Giré, Jeová Nissi, jesus, entre outros, e a mulher foi curada, foi incrível comentei com o meu filho que aquele deve ser o maior curandeiro que já vi.
Em meio aos rituais, tinha ao nosso lado um homem meio alterado,com uma cara muito feia, e em um certo momento ele começou a ficar agitado, e começou a rosnar como um cão, não entendíamos nada, todos os soldados se levantaram de la de cima e vieram segurar ele que com vozes tenebrosas gritava frases estranhas.
Vimos que eles não estavam conseguindo segurar o homem branco doido, e então eu com meu arco e flecha acertei o traseiro dele em cheio mas incrivelmente a flecha nem fez cócegas.
Uma mulher velha da tribo, chagou por trás do homem e colocando a mão na cabeça dele disse.
Sai em nome de Jesus!
Naquele mesmo instante ele voltou ao normal e sua fisionomia mudou, foi algo impressionante, aquele senhora que para nós não parecia nada, era uma poderosa curandeira.
Em um momento tenso lembrei de uma pratica que abandonamos a anos em nossa tribo.
Uma mulher e um homem, talvez marido e mulher levaram seu filho para o pajé como um ato de devoção, entendemos que era para que ele o sacrificasse no altar, vi que se tratava de uma altar de sacrifício por que ele era inclinado para o lado do pajé para facilitar a caída do sangue.
Ele pegou a criança nas mãos e a levantou para o alto, víamos na cara dos pais a felicidade por entregar seu filho a retété o deus dos deuses, os membros da tribo rezaram suas rezas, e o pajé levantou a criança para
o alto, eu e meu filho não tivemos a coragem de ver o resto do sacrifício, fechei os olhos dele com a mão e os meus e só ouvimos os barulhos da multidão, um tempinho depois de Cesar o barulho decidimos abrir os olhos, e ja não vimos mais a criança nem os pais, também tínhamos visto que la havia uma sala onde levavam os pequeninos.
Eles haviam limpado o altar muito rápido, a fúria do seu deus estava apaziguada.
O culto se seguiu, o pajé abriu seu livro mágico e leu algumas palavras e começou a falar, a sua tribo se encantava com as suas palavras, ele contou a historia fascinante de um Deus que veio na terra em forma de homem e morreu para ajudar homem branco, ficamos encantado com esse Deus Jesus.
No final da história quando ele estava terminando todos estavam exaltados  aquele cantor foi chamado e todos voltaram ao transe.
No final quando todos estavam normais vimos que alguns mais velhos da tribo trouxeram uma mesa ao centro do templo, nela havia um pano em cima cobrindo os itens, foi lido alguns textos mágicos novamente  e o pano foi tirado de cima da mesa.
Quando vimos no centro da mesa, um pão e um jarro com um líquido vermelho, disse ao meu filho.
Aquele deve ser o sangue do inocente morto que eles colocaram no jarro.
Eles liam textos e cantavam, dividiram o sangue do inocente em pequenos copos, junto com um pedaço de pão e distribuíram entre o loca e apenas alguns pegaram, talvez os escolhidos, decidimos pegar para não contrariar a cultura deles.
O pajé deu a ordem e logo depois tomamos, a sensação de tomar sangue era tão ruim que nem prestamos a atenção no gosto, fora que alguns ao beberem voltaram ao transe.
Quando comemos o pão, entendemos que retété deve ser o deus da colheita e dos alimentos.
No final todos se abraçaram e começaram a sair pela porta, La fora vimos os pais da criança sacrificada, estavam de costas e fomos para dar uma palavra de consolo, quando eles viraram para nosso lado vimos o bebe no seu colo, ficamos pasmos de medo, retété havia ressuscitado a criança, ficamos felizes em saber que ele pode dar e tirar a vida.
Foi muito interessante a nossa visita a cidade grande passamos muito tempo contando as história ocorrida naquele local, mas o que mais marcou para nós foi a história do menino Deus.